Palestra Autonomia da mulher

No dia 1º de junho de 2015, a EMEF Tetsu Chinone teve a honra de receber a visita
da Psicologa Mariana Figueiredo, que fez uma palestra para as alunas sobre o tema: "Autonomia da mulher".
Mariana Figueiredo é formada em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná; Mestranda em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá e Ativista do movimento feminista.

AUTONOMIA DA MULHER
Mariana Figueiredo

Ainda que hoje em dia a mulher tenha conquistado espaço em relação ao passado, como a inserção no mercado de trabalho e maior independência, o papel social feminino continua atrelado aos serviços domésticos, o que nos remete à época em que a mulher tinha como obrigação servir ao lar e ao marido. Atualmente, é grande o número de homens auxiliam no serviço em casa, mas a tripla jornada de trabalho - duas no emprego e uma em casa - é majoritariamente feminina. Além da nossa desvantagem na questão salarial, em que estatísticas apontam que as mulheres ainda recebem menos que homens no mercado de trabalho. 
Esse panorama que apresenta desvantagens da mulher em relação a homens tem consequências cotidianas, principalmente no que tange à sexualidade feminina, já que as mulheres são encaradas como objeto sexual dos homens. Essa ideia é assegurada, principalmente, pelos comerciais de cerveja que sempre mostram o produto em conjunto com uma mulher, como se esta fosse extensão do produto a ser comercializado, tendo como alvo os homens. As consequências que as mulheres sentem no dia a dia são os assédios sofridos em cantadas de rua obscenas, assédio sexual em ônibus lotados e festas, nos locais de trabalho, principalmente quando o homem ocupa uma hierarquia superior, violência doméstica e estupro. Os índices de violência doméstica são assustadores, e os estupros quase ultrapassam o número de homicídios. Normalmente os casos de estupro recaem a culpa sobre a mulher, com as alegações de que a roupa era curta demais ou que a mulher perambulava por um local propício para ser estuprada. Como se as atitudes da mulher justificassem um ato de tamanha violência, educando as mulheres para serem "recatadas" ao invés de uma ação mais simples, que é educar o homem a não estuprar, violar e desrespeitar o corpo da mulher.
Essas atitudes de violência expressam a perda de autonomia da mulher, sendo que a violência doméstica traduz o controle do homem pela mulher por meio da agressão, e o estupro o desrespeito à vontade sexual feminina, em que o homem força um ato sem consentimento. O que nos leva a refletir que resquícios do passado ainda permanecem, subjugando as mulheres diante dos homens. Entendendo que as atitudes por parte dos homens não é uma questão de caráter, bom ou mau, mas a forma como a sociedade, há anos, cria os meninos desde pequenos para agirem dessa maneira, independente do caráter. Assim como as mulheres são criadas para aprender serviços domésticos e renunciar das suas vontades em prol do lar, marido e filhos. 
Por isso, é tão necessário o debate sobre autonomia da mulher com as meninas, adolescentes e mulheres, assim como é necessário com os meninos também, a fim de desenvolver o respeito ao corpo e às escolhas da mulher. É necessária a autonomia para fazer as escolhas sexuais, sem pressão do homem, e escolhas na vida, sem a necessidade de vinculação ao lar e aos filhos.
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